Tem filmes que quando são lançados acabam não cumprindo as expectativas com relação a todo o hype criado em torno deles. Por essa razão quando começou todo o falatório em torno de Black Swan eu fiquei meio com o pé atrás, achando que era só mais um produto do mainstream. Só decidi assistir depois que um amigo comentou no Twitter que já tinha visto o filme três vezes. E como é bom a gente estar enganado de vez em quando.
Black Swan conta a história de Nina(Natalie Portman), que é bailarina de uma companhia de ballet americana, cuja vida, é completamente dedicada à dança, tal qual a maioria dos profissionais desse ramo. A protagonista mora com a mãe (Bárbara Hershey), uma bailarina que a muito aposentou as sapatilhas e criou a filha de forma obsessiva e sufocante, que mantém a garota sob rígido controle, tentando fazer com que Nina seja tudo que ela não pode se tornar, uma grande bailarina.
E esse sonho fica próximo de se tornar realidade quando o diretor Thomas Leroy (Vincent Cassel) decide substituir a primeira bailarina da companhia, Beth MacIntyre (Winona Ryder), na nova temporada de apresentações da produção o Lago dos Cisnes, e Nina é sua escolha.
Mas a história de Nina ainda está longe do final feliz, uma vez que para garantir seu lugar a frágil e insegura Nina precisa interpretar dois papéis: o da princesa transformada em cisne, Odette, e ao mesmo tempo a maligna e sedutora Odile, o cisne negro do título. E é aí que a história se desenvolve pois Nina se encaixa perfeitamente no papel da delicada princesa enfeitiçada, mas lhe falta a sedução e força que o papel de cisne negro exige.
Alie-se a isso o fato de que Nina ainda precisa enfrentar a competição de Lily(Mila Kunis), uma ambiciosa bailarina recém contratada, que demonstra interesse pelo papel principal e está disposta a tudo para conseguir chegar a seu objetivo.
O que vemos em Black Swan é justamente a tragetória de Nina em busca da perfeição, a que ela se entrega de maneira desmedida e obcecada, e da força e corrupção que o cisne negro exige em sua dança, ultrapassando todos os seus limites até chegar a um final surpreendente.
Mas o que torna o filme tão especial. Seriam os diálogos inteligentes? Cenários detalhados representando o mundo do balé? Uma trilha sonora brilhante? Acredito que não, o filme nem tem muitas falas. O cenário se resume basicamente três ambientes: a casa de Nina, o estúdio e o palco do teatro. E a trilha sonora a apesar apenas cumpre seu objetivo sem apresentar grandes novidades.
Não, a resposta está na direção densa de Darren Aronofsky – diretor de Réquiem para um sonho e O lutador – e na atuação vigorosa de Natalie Portman. Aronofsky nos conduz literalmente caminhando em gelo fino, no qual você percebe as rachaduras surgindo a cada cena. E cada passo o leva mais perto de um fim inexorável.
E Natalie Portman, é justamente esse lago gelado, pronto para se despedaçar sob o peso de uma história que vai pressionando a frágil Nina a ponto de ela não conseguir separar fantasia da realidade. Uma das coisas que mais me incomodou, por exemplo, foi a maneira como durante todo o filme você pode ouvir a respiração de Nina, o que cria uma atmosfera cada vez mais tensa.
O filme ainda conta com atuações competentes, especialmente de Bárbara Hershey e Mila Kunis, deixando um pouco a desejar com um enfadonho Cassel e com uma participação rápida de Winona Ryder que, na minha opinião poderia ser melhor explorada com um fim alternativo para a personagem, mas seu papel no filme é bem definido desde início, ela está ali para dar o lugar.
E esse lugar é tomado com louvor. Não é surpresa que Portman tenha levado o Globo de Ouro de melhor atriz por essa atuação e não será surpresa nenhuma se sua princesa cisne voltar para seu lago enfeitiçado com uma estatueta do Oscar sob as asas, comprovando que a atriz é realmente um dos grandes expoentes do cinema atual.
Para quem ainda não assistiu segue abaixo o trailer. Filme recomendadíssimo!
Deixe um comentário